Produtores de guaraná selvagem de Maués, apoiados pelo projeto Agência Experimental de Assistência Técnica e Extensão Rural do Núcleo de Socioeconomia (Nusec), participaram da maior feira de alimentos orgânicos do mundo, a Biofach, realizada de 26 a 29 de julho, em Nuremberg, na Alemanha. A feira é um importante ponto de encontro entre produtores e indústria alimentícia de todo o planeta.
Diferente do guaraná tradicional, cultivado com o uso de tecnologia de clones e fertilizantes, o guaraná selvagem é produzido de maneira natural. “As plantas são selvagens, são extraídas da floresta, não são domesticadas em roças. Eles cultivam a partir do sistema agrícola tradicional que envolve um conjunto de conhecimentos, saberes e técnicas para produzir um guaraná muito específico. Então, isso diferencia na muda, que é selvagem, vem do mato, não é uma tecnologia, a forma como eles cuidam dessa planta, como é feita a colheita, a torragem, então, isso diferencia o produto. É um produto único”, informa o professor Cloves Pereira, coordenador do projeto que ajudou os agricultores a conquistarem a certificação orgânica, necessária para que o produto pudesse ser comercializado no Brasil, na Europa e nos Estados Unidos.
Para expor o produto na Biofach 2022, os 60 produtores da Associação dos Agricultores Familiares do Alto Urupadi (AAFAU), que são oriundos de comunidades tradicionais do município de Maués, enviaram seu representante, José Cristo de Oliveira. “O objetivo da nossa ida à Alemanha foi acompanhar a associação, mas também conhecer o mercado de guaraná na Europa e apresentar o produto, a matéria-prima guaraná orgânico, selvagem, nesse mercado,, mas também prospectar e fazer negócio”, revelou o professor Cloves Pereira.
De acordo com o coordenador, a participação na Biofach proporcionou o aprendizado em áreas importantes para os produtores e permitiu estabelecer a rede de contato para futuras parcerias. “Foi fundamental por alguns aspectos: primeiro, eles conheceram mais o mercado, o que os compradores, o que eles esperam, mas principalmente entenderam mais esse mercado em nível internacional. Também estabeleceram conversas com empresas interessadas no produto”, disse.
Os produtos orgânicos têm crescido no mercado de alimentos por serem mais naturais e saudáveis que os industriais, o que torna o trabalho do projeto da Ufam, que tem o apoio da Fapeam, ainda mais necessário, uma vez que os produtores locais estão interessados em atender a este segmento. “Nós trabalhamos com produtos orgânicos de Maués, com o guaraná com a AAFAU. Nós estamos apoiando com a certificação novos empreendimentos que não são o guaraná, como hortaliças, mandioca, banana, café, mamão, mais frutíferas no município de Maués; apoiamos a certificação de guaraná em São Sebastião do Uatumã, em Careiro da Várzea, apoiamos a certificação orgânica do povo Mura com um conjunto de produtos da agricultura e estamos iniciando um projeto novo no Rio Preto da Eva, onde os produtores querem vender produtos orgânicos”, finalizou.
Fonte: Universidade Federal do Amazonas