A organização do comício que está sendo montado para o candidato à presidência da República, Luís Inácio Lula da Silva, em Manaus, estima um público de 30 a 40 mil pessoas. O evento de campanha acontece na próxima quarta-feira (31), no espaço Via Torres, Zona Norte da capital. Os portões irão abrir às 16h.
A reportagem de A CRÍTICA apurou que o discurso do ex-presidente deverá focar nos projetos que alcançaram o Amazonas, como o Luz para Todos, durante os governos petistas. Outro ponto considerado “essencial” na fala é a defesa que Lula fará em relação à preservação da Zona Franca de Manaus, recentemente ameaçada por decretos federais de redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em todo o país.
Segundo aliados, Lula também irá acenar para a defesa dos povos indígenas, a quem ele tem prometido a criação de um Ministério próprio caso seja eleito. Desde o final de 2021, quando a visita a Manaus passou a ser cogitada, esse tema já estava em destaque. Houve até mesmo uma articulação por parte de indígenas para que Lula visitasse o Parque das Tribos, primeiro bairro indígena reconhecido pela prefeitura de Manaus, mas acabou não entrando na agenda.
Se o discurso do candidato alcançar as expectativas de aliados, será um reflexo da própria agenda de Lula em Manaus. Ele chega na capital amazonense na noite desta terça-feira (30), e inicia os trabalhos na manhã seguinte. Às 10h30, irá visitar uma das principais fábricas do Polo Industrial, a Moto Honda da Amazônia. Diferentemente de ações sindicais que costumam se limitar à porta das empresas, Lula recebeu autorização para entrar na fábrica.
“A Moto Honda tem cerca de 8 a 9 mil trabalhadores, e pretendemos alcançar pelo menos 8 mil, porque vamos passar por todas as linhas de produção, todos os setores. O presidente Lula deve conversar com os trabalhadores e garantir que se for eleito, vai proteger os empregos da Zona Franca”, disse o vereador de Manaus Sassá da Construção Civil (PT), que fará parte da comitiva. Os candidatos ao governo, Eduardo Braga (MDB) e ao Senado, Omar Aziz (PSD), também irão acompanhar Lula.
Pela tarde, às 15h, o candidato à presidência tem um encontro marcado com pesquisadores científicos, indígenas, indigenistas e movimentos sociais no Museu da Amazônia (Musa). Segundo o presidente do PT Amazonas e deputado estadual Sinésio Campos, esse evento não será aberto ao público em geral.
Com o encontro, Lula repete a fórmula que adotou em agosto de 2002, quando realizou ato de campanha no anfiteatro do Parque do Mindu, Zona Oeste de Manaus, reunindo lideranças indígenas e até o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), à época, Marcus Barros.
Análise
Para a cientista social e uma das fundadoras do PT no Amazonas, Marilene Corrêa, a visita de Lula a Manaus é importante para ele porque o candidato ainda sofre rejeição na cidade. Em 2018, por exemplo, o então candidato do PT à presidência, Fernando Haddad, obteve 34,28% contra 65,72% de Bolsonaro.
“Tem uma classe média e uma elite que já fez suas escolhas. Tenho impressão que isso será difícil de mudar, mas como não são votos apenas ideológicos, mas de oportunismos e ocasião, pode ser até que mude dependendo de grau de diálogo que possam ter com a campanha do Lula”, afirma ela.
Marilene aponta que a questão social em torno desses votos tem características diferentes no interior. Por lá, o voto petista tem uma maior adesão. Também nas eleições de 2018, de 62 municípios do Amazonas, apenas três deram vitória a Bolsonaro: Manaus, Apuí e Guajará.
“As pessoas fazem uma comparação ao que aconteceu durante o governo dele e o que aconteceu agora. Havia muitos programas que o Ministério do Planejamento ampliou por meio das plataformas. Era uma atuação conjunta com as prefeituras do interior mesmo, por exemplo, para recebimento de benefícios, e para ao acesso a políticas nacionais, como educação, saúde e convivência social”, comenta a cientista social.
Por Waldick Júnior
Fonte: Acritica