Fiocruz solicita registro de kits moleculares para diagnóstico da nova varíola

O kit pode identificar através do DNA do vírus causador por meio da coleta de material retirado das erupções cutâneas presentes no indivíduo
Fiocruz solicita registro de kits moleculares para diagnóstico da nova varíola

A Fundação Oswaldo Cruz, por meio do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), deu entrada, na última quarta-feira (10), na solicitação de registro de dois kits de diagnóstico molecular: o kit molecular monkeypox (MPXV) e o kit molecular 5PLEX OPV/ MPXV/ VZV/ MOCV/ RP.

O kit molecular monkeypox (MPXV) é baseado na tecnologia de PCR em tempo real com ensaios multiplex. Desenvolvido a partir das recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o diagnóstico da nova doença, o kit pode identificar o material genético (DNA) do vírus causador através da coleta de material retirado das erupções cutâneas (pústulas) presentes no indivíduo com suspeita de infecção pelo vírus, do gênero Orthopoxvirus, pertencente à família Poxviridae. O kit faz a identificação, em uma mesma amostra humana, das duas cepas geneticamente distintas do vírus monkeypox: cepa da África Central (Congo) e cepa da África Ocidental, esta com circulação já confirmada no Brasil. Seu uso é baseado no Protocolo 1: Detecção e tipagem de monkeypox: ensaio contendo os alvos monkeypox geral / África ocidental / África Central (Congo).

Baseado na mesma tecnologia, o kit molecular 5PLEX OPV/ MPXV/ VZV/ MOCV/ RP é destinado ao Protocolo 2, que permite a diferenciação clínica em casos anteriormente classificados como “negativos” (sem infecção pelo vírus causador do monkeypox), conferindo maior capacidade de esclarecimento diagnóstico, com a diferenciação dos vírus relacionados, importante para a vigilância epidemiológica no SUS. Ele faz a detecção e diagnóstico diferencial: ensaio contendo os alvos Orthopox geral / Monkeypox geral / Varicella Zoster (VZV) / Molusco contagioso (Molluscum contagiosum), além de contar com o controle do kit (RNaseP, também presente no kit MPXV).

Soluções de rápida implementação em todo o território nacional

Diante da identificação dos primeiros casos no Brasil e de um possível aumento da disseminação da doença em território nacional, o Instituto desenvolveu os novos kits moleculares e já produziu 12 mil reações de cada um dos dois protocolos estabelecidos para uso em pesquisa.

Ambos os diagnósticos moleculares identificam o material genético do vírus da monkeypox e a tecnologia neles empregada permite seu uso imediato em plataformas que já fazem a identificação de outros alvos na rede de laboratórios centrais de saúde pública (Lacens), caso o Ministério da Saúde necessite implementar sua utilização. 

“A importância das ações de preparação para emergências sanitárias se expressa nessa oferta rápida dos kits moleculares em resposta à monkeypox. Uma cadeia de suprimentos mais efetiva, após a experiência com a Covid-19, e um arranjo produtivo local fortalecido contribuem para a autonomia nacional em relação a insumos indispensáveis ao enfrentamento de problemas de saúde pública, que têm surgido com mais frequência e maior alcance”, ressaltou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima.

“A oferta dos kits moleculares em tecnologia que permite seu uso imediato nos estados, além do Distrito Federal, é prova do compromisso e a pronta-resposta de Bio-Manguinhos diante dos desafios que continuam a surgir para a saúde pública. O surgimento da doença em período no qual ainda estamos imersos na pandemia da Covid-19 comprova a importância dos laboratórios públicos para o país”, afirmou o diretor do Instituto, Mauricio Zuma.

Bio-Manguinhos tem capacidade de escalonar a produção destes novos kits de diagnóstico molecular, sem que haja impacto na oferta de outros produtos de seu portfólio, caso o agravo se espalhe entre a população e a demanda por diagnóstico diferencial e comprobatório cresça.

Fonte: Fiocruz Brasil

Foto: Bernardo Portella

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