Em um país com baixos índices de leitura de jovens brasileiros, a população de jovens entre 18 e 29 anos luta contra as estatísticas no fortalecimento da cultura literária no Brasil.
Apaixonada por leitura desde a alfabetização, a escritora Sônia Maria Elias, de 24 anos, decidiu transformar a sua maior paixão em algo que sempre sonhou: escrever as próprias histórias. Natural de Manaus, Sônia publicou o primeiro livro físico voltado para o terror/horror, intitulado “Testemunho Noturno”. Escritora há oito anos e admiradora do terror desde criança, a paixão teve início por meio das produções cinematográficas do gênero.
A obra, lançada em março deste ano pela editora e prestadora de serviços GP Editorial, é uma coletânea com uma série de doze contos de terror/horror/suspense independentes e ambientados em cenários impressionantes que pretendem levar o leitor a se apaixonar pelo gênero literário. Ao longo dos doze contos, os leitores viajam pelas histórias de um jornaleiro, uma escritora amadora, um fazendeiro e de outros personagens.
Apesar de serem contos independentes, há alguns detalhes que interligam as histórias. Os títulos “O dia depois de amanhã”, “A grande inspiração de Agnes!”, “Oblitero”, “Terra Indulta”, “Marca Oculta”, “Pode me ouvir?”, “Irreflexo”, “Vozes”, “Súcubos”, “O jornaleiro”, “O Lar de Z.” e “Os quíntuplos” sempre entregam ao leitor o conhecido plot twist, que é um final surpreendente.
Todos os contos estão disponíveis gratuitamente no aplicativo de leitura Wattpad, por meio da conta @sonniaelias. No entanto, dos doze contos, “O Lar de Z.” e “Os quíntuplos” são extras e exclusivos do livro físico.
“Tudo começou com filmes de terror, quando eu já tinha uns 11 ou 12 anos. Nunca fui de gostar de filmes calmos, amava mesmo aqueles que tinham uma reviravolta no final. Todos os contos foram escritos com a intenção de que o final surpreenda, uma vez que eu conduzo os leitores por um caminho e entrego um final diferente, no entanto, deixo pistas pelo texto inteiro que levam o leitor ao que eu quero”, disse.
Buscando fugir do genérico, a autora leva o leitor a navegar pelas suposições do sobrenatural, além do simples “se assustar com fantasmas” ou com o sangue exacerbado. Inicialmente, a escritora pontua que pensou em lançar um romance, mas, por influência da antologia de contos “Noite na Taverna”, do autor ultrarromântico Álvares de Azevedo, decidiu que seriam contos.
“Antes a minha escrita era mais puxada para o gore, um tipo de terror mais sanguinário, por causa dos filmes de terror que eu assistia. Com a fase adulta chegando, senti necessidade de desabafar de alguma forma sobre sentimentos que tinha/tenho dificuldade de expressar, sobre mudanças repentinas e normais da vida e sobre ciclos que se encerram. Minhas escritas são, basicamente, algo que sinto, ou por algo ou por alguém, alguma coisa que vi na rotina diária, transformo em ficção e, claro, coloco em um cenário macabro e sobrenatural”, contou.
Com a ajuda do amigo, Gabriel Pires, fundador da GP Editorial, conseguiu lançar os livros físicos da coletânea “Testemunho Noturno”. Além disso, ressalta que “corre atrás” das divulgações, parcerias, arca com custos das capas e revisões e, por isso, se considera como uma escritora independente.
De início, Sônia relata que teve um pouco de receio em publicar a coletânea, visto que era um projeto futuro e pretendia dar início à carreira lançando contos ambientados em Manaus. A ideia surgiu enquanto a escritora estava morando em Boa Vista e dois anos depois voltou para a capital amazonense, no entanto veio a pandemia da Covid-19 e não podia sair para verificar os detalhes dos lugares escolhidos para fazerem parte dos contos e preferiu criar os ambientes para citar nos contos.
“Decidi criar contos que não pedissem minuciosidade de lugares que existem, de fato, para não errar com a verossimilhança. Mesmo depois de prontos, hesitei um pouco sobre se agradariam ou não, mas o medo de ser infectada pelo vírus falou mais alto e então decidi tomar todas as providências para que fossem logo publicados. Agora que estou escrevendo contos que são ambientados em Manaus, com toda a riqueza de detalhes, mas ainda não foram publicados, ainda estão em processo de escrita”, relatou.
Incentivo
Sônia não poupou palavras ao descrever que o incentivo à leitura esteve presente em todos os lugares da vida desde muito cedo. De acordo com a escritora, tanto a família quanto as escolas faziam questão de incentivá-la no caminho da leitura.
“Eu gostava muito de ouvir histórias. Uma das minhas primeiras experiências foi com letra de música. Minha mãe cantava para mim, e eu sempre prestava atenção na história que aquela canção estava contando. Logo depois que aprendi a ler descobri que dava para fazer minhas próprias histórias”, destacou.
Um dos gêneros mais populares da literatura, o terror é conhecido por ser palco de renomados escritores do gênero e são neles que a escritora Sônia Elias busca inspiração para escrever os contos.
“Gostava de sentir aquele medo que, no final das contas, eu sabia que era tudo ficção e não poderia sair da televisão. Ao crescer, comecei lendo saga adolescentes, como ‘Os imortais’, da Alyson Noel, mais voltado para o romântico, mas acredito que foi um degrau importante até que eu chegasse ao terror/horror do Stephen King, Edgar Allan Poe, Agatha Christie e também Harlan Coben”, explicou.
Próximos projetos
Após ter se dedicado inteiramente à antologia “Testemunho Noturno”, Sônia pretende encerrar as divulgações da coletânea no final desse ano ou na metade do próximo e já tem planos para a próxima publicação, intitulada de “Mantenha a luz acesa”, um romance de terror sobrenatural dividido em dois livros.
“Pegarei todos os personagens que aparecem nos contos de ‘Testemunho Noturno’ e trarei para esse romance, com as mesmas características físicas, nomes, mas com vidas e situações diferentes. Se tudo der certo, em 2023 ‘Mantenha a luz acesa’ nasce com muita saúde, terror e um final que, quem me conhece, já sabe. Esse livro vai ganhar uma divulgação especial”, finalizou.
Por Fernanda Lopes
Fonte: Em Tempo