A Embaixada da Suíça e a Swissnex embarcaram em uma jornada pelas soluções de bioeconomia na Amazônia, situadas no coração do Centro de Treinamento Agroflorestal CTA-MUSA. Lá, a Arte & Escola na Floresta da Associação Tera Kuno e parceiros abriram suas portas, recebendo os visitantes com um café da manhã e almoço especiais, preparados de forma coletiva a partir de produtos frescos colhidos na horta local. Durante a visita, foram apresentadas soluções inovadoras: O AMARN compartilhou a inspiradora história do artesanato nascido da luta das mulheres indígenas da Amazônia, a iniciativa inovadora Toca dos Cogumelos se destacou com tecnologia eco-friendly para a produção de cogumelos comestíveis, e a Amazon Food demonstraram práticas de fermentação para criar bebidas naturais e educar as comunidades sobre o valor nutritivo e a conservação dos alimentos.
Em relação ao AMARN, o artesanato emergiu como uma estratégia de resistência às violências enfrentadas pelas mulheres indígenas na Amazônia contemporânea, proporcionando autonomia a essas mulheres, difundindo suas culturas e fortalecendo seu empoderamento. Este empreendimento é enraizado na história ancestral, carregando consigo saberes e uma visão cosmológica. ‘Nossos conhecimentos foram por muito tempo marginalizados e considerados inferiores aos saberes ocidentais. A exclusão histórica que nossos povos enfrentam é parte de um projeto estatal que busca realizar uma limpeza étnica, negando nossa existência na sociedade atual e desconsiderando a importância de nossa visão de mundo, sobreposta pela perspectiva hegemônica propagada pelos colonizadores’, explica Clarice Gama da Silva Arbella do Povo Tukano, representante da AMARN.
Por sua vez, a iniciativa de negócio Toca dos Cogumelos foi apresentada como uma resposta aos problemas de insegurança alimentar e fome na região amazônica. Criada por jovens de Manaus, essa iniciativa pioneira identificou a necessidade de estabelecer uma fungicultura na cidade, utilizando tecnologias eco-amigáveis para reduzir os custos de produção de cogumelos comestíveis. A cidade enfrenta desafios relacionados à escassez de cogumelos frescos devido à dependência de transporte e à falta de produção local, o que aumenta significativamente o preço e reduz a qualidade dos alimentos durante o transporte, desestimulando o consumo. ‘A conversão desses resíduos agroindustriais em cogumelos comestíveis representa uma solução crucial para gerenciar os resíduos locais e os recursos lignocelulósicos sem valor econômico, integrando-se às estratégias de aproveitamento integral dos cogumelos. Nesse sentido, esse setor demonstra uma aptidão notável para se inserir no modelo de Economia Circular’, destaca Ícaro Lima, representante da Toca dos Cogumelos.
A associação de produtores de alimentos artesanais da Amazônia, a Amazon Food, representada por Rebeca Silva e Alexandre Ribeiro, compartilhou seus projetos sociais voltados para resgatar a cultura ancestral da fermentação de bebidas alcoólicas e refrigerantes naturais gaseificados. Seu foco está na educação alimentar em comunidades, no desenvolvimento de técnicas para a conservação de alimentos, na redução de desperdícios e no aumento do valor nutricional. Rebeca uma jovem empreendedora de Manaus e produtora de kombuchá, dedica-se a conduzir degustações, palestras e cursos em escolas rurais e comunidades indígenas, buscando difundir e incentivar o cultivo de alimentos fermentados. ‘Com a globalização industrial e a facilidade na obtenção de alimentos, as pessoas perderam a prática de cultivar e preservar seus próprios alimentos, além do conhecimento sobre o valor nutricional dessas técnicas. Isso as tornou dependentes de produtos embalados, causando desinformação e desnutrição. Meu sonho é despertar o interesse de um grande número de pessoas na região amazônica; uma alimentação consciente é a base para um pensamento saudável’.”
A produção e a disponibilidade dos alimentos têm seguido uma dinâmica secular de desigualdades na distribuição e enfrentado crises alimentares ao longo da história. As fomes assolaram o passado e persistem no presente da humanidade. O projeto Tera Kuno tem como foco a educação ambiental e alimentar, especialmente por meio do seu programa Arte & Escola na Floresta. Há três anos, esse projeto proporciona experiências no campo, nas áreas do Centro de Treinamento Agroflorestal, localizado no Assentamento Água Branca, dentro do Corredor Ecológico da APA Adolpho Ducke, em Manaus, a cerca de 20 km da cidade. Convida os interessados a aprender a interagir com a terra, a praticar o cultivo e a explorar a culinária para criar novos pratos.
O cardápio da visita inclui diversas opções, como Millfolias PANC, Camarão vegano, Crepioca Verde, Pão de queijo vegano com cara roxa, arroz PANC e bebidas probióticas fermentadas, como Kombucha e Refrigerante natural, além de chás de xanana e gervão, entre outras iguarias. ‘A gastronomia amazônica está em constante evolução, e muitas novidades estão por vir, incluindo a incorporação de plantas regionais no cardápio’, afirmam Janaina Marinho e Laís Rebecca, chefs independentes e ativistas alimentares.”
“Estamos muito felizes por descobrir novos alimentos, produzidos diretamente com recursos da floresta. É incrível o que a natureza nos oferece”, expressou o Embaixador da Suíça, Pietro Lazzeri. Tudo que ocorre nesta vasta floresta tem um impacto global, inclusive na Suíça, por isso assumimos a responsabilidade de fortalecer a preservação da floresta e ao mesmo tempo proporcionar alternativas para os moradores dela. A Suíça tem apoiado vários projetos e fundos para o desenvolvimento sustentável e se juntou a outros países no financiamento do Fundo Amazônico.
Com informações da assessoria.