Tudo é político, principalmente as tomadas de decisões pensadas no coletivo. Assim, as candidaturas compartilhadas são vistas como alternativas no modo de fazer e pensar política. Em 2020, durante as eleições municipais, a Bancada Coletiva ganhou destaque ao conquistar 7.662 mil votos e ser a quinta candidatura mais votada, para o cargo de vereador (a), porém o partido não alcançou o quociente eleitoral deste ano, que foi de 23.878 votos.
Agora, o momento político e as novas narrativas multiplicam as candidaturas coletivas que apresentam-se para o eleitorado com o compromisso de dividir o poder entre os “coparlamentares” e proporcionar uma nova visão do processo político, bem diferente da atuação parlamentar vista atualmente.
O Amazonas conta com quatro candidaturas coletivas para o pleito de 2022, são elas: Bancada das Manas (PCdoB), Chapa Coletiva da Juventude (PCdoB), Bancada Amazônida (PT) e Bancada Delas (PSD).
Candidaturas Coletivas – A candidatura coletiva é um ferramenta política com viés alternativo, que se iniciou em 1994, mas que se intensificou em meados de 2015/2016, como explica o cientista político Antônio Neto.
“Como retrato das movimentações do Impeachment e o crescimento de coletivos e páginas relacionadas a ativismo e campanha política. A candidatura coletiva nada mais é que um grupo se unir para “dividir” uma vaga no Legislativo, em vez de votar em apenas uma pessoa para o cargo, é possível votar no coletivo, ou seja, mais de uma pessoa representa aquele mandato e pode carregar uma pauta, uma visão”.
Em sua grande maioria, as candidaturas coletivas estão sendo construídas entre partidos de esquerda. Neste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que há 213 coletivos disputando o pleito no país nas eleições 2022.
Uma forma fácil de explicar para a população, apenas um dos integrantes de uma candidatura coletiva aparecerá quando o eleitor digitar o número na urna, porém, todas as tomadas de decisões são feitas de forma conjunta.
A maioria dos integrantes das candidaturas coletivas concorrem às eleições nesse formato alternativo, visando maior representatividade política. Antonio Neto também interpreta que as bancadas ou coletivos trazem mais participação popular.
“Se levarmos em aspectos de diversidade, ainda hoje não temos uma paridade de mulheres, pessoas com deficiência e demais representações da nossa sociedade brasileira. O coletivo permite de maneira indireta no processo legislativo de promover a participação de mais pessoas e de promover pautas que geralmente ficam excluídas em pleitos de candidatura majoritária”.
No Amazonas, nas observâncias das alternativas de projetos políticos participativos, as candidaturas coletivas ganham, a cada eleição, mais espaços, por isso o Confluente buscou identificar quais as principais candidaturas coletivas que estão disputando vagas para deputado estadual ou federal.
Bancada das Manas (PCdoB) – Consideradas pioneiras em seu fazer político no Amazonas, a Bancada das Manas (PCdoB), foi uma das candidaturas coletivas que entrou para história, em 2020, e com isso ganhou forças para a disputa do pleito deste ano.
Além de envolver movimentos sociais e a sociedade civil em diversas ações para a explicação de como funcionaria uma bancada de mulheres, as Manas trazem um histórico de luta em diversas frentes de ativismos, como a maternidade, o feminismo, o meio ambiente, a cultura, as comunidades e as vivências dos ribeirinhos que vivem nas calhas dos rios.
A co-candidata, a advogada Alessandrine Silva, acredita que essa forma de disputa eleitoral é uma estratégia que possibilita mais pessoas a entrarem na política, porém só atingem seu propósito se forem feitas de forma coletiva.
“Fomos nós quem trouxemos essa estratégia e ela tem sido reproduzida, entretanto, é importante dizer que bancadas coletivas não pode ser apenas a nomenclatura dos projetos, se trata de um modo de democratizar a ocupação da política, infelizmente há candidaturas que se pautam como coletivas, mas não compartilham um princípio básico que é descentralizar a candidatura de uma pessoa somente e tornar o projeto mais horizontal”, explica a advogada.
Além de pautas coletivas, as Manas fazem da sua candidatura um grande chamado de construção popular, um dos exemplos é o caderno de propostas que foi feito e disponibilizado na plataforma on-line da candidatura, a qual foi escrito por professores, mães, ativistas, advogados, produtores culturais e até crianças puderam contribuir com propostas para a cidade e o meio ambiente, após a uma roda de conversa de pais, mães e crianças durante o Plenarinho, primeiro encontro político com participação inclusiva infantil.
A Bancada das Manas é composta pela advogada Alessandrine Silva, a produtora cultural Michelle Andrews, a administradora Val Fontes, a assistente social Marklize Siqueira e a líder comunitária Patrícia Andrade, que estão disputando o cargo de deputada estadual.
Para conhecer mais sobre a Bancada das Manas, acesse @bancadadasmanas
Chapa Coletiva da Juventude (PCdoB) – Formada por seis jovens, com idade entre 24 e 28 anos, a Chapa Coletiva da Juventude (PCdoB) vê na atual conjuntura política e social, a necessidade de radicalizar a participação popular, vendo assim, as candidaturas coletivas, como esperança para os eleitores.
“Atentos a demanda do povo, decidimos construir a “Chapa Coletiva da Juventude”, uma candidatura que reúne lideranças dos movimentos estudantis, feministas, LGBTS, negritudes e cultural. Iremos disputar as eleições para a Assembleia Legislativa do Amazonas, apresentando à juventude amazonense todas as nossas bandeiras de lutas que queremos tornar em políticas públicas. Transversalizando as pautas de educação, trabalho e cultura e a defesa intransigente dos direitos humanos”, explicou o grupo, em entrevista para o Portal Confluente.
Conforme os jovens, as candidaturas coletivas trazem o debate sobre a falta de representatividade e ainda, destacam pautas importantes, as quais foram deixadas de lado pelo poder público.
“Tivemos um número irrisório de jovens eleitos nas eleições de 2020, estes, depois de eleitos, seguem reproduzindo os conchavos com os corruptos, ricos e com os que aprovam leis anti povo. O parlamento amazonense vive uma crise de representação política, a população desconhece quem são os parlamentares e as discussões são feitas às escuras sem participação popular. Mediante a crise do COVID-19, que transformou Manaus no epicentro mundial da pandemia, tivemos uma postura muito tímida dos poderes executivo e legislativo do estado”, destaca o coletivo.
Com bandeiras de atuação na defesa das mulheres, dos povos originários, da Amazônia, dos ribeirinhos, da cultura e luta pela garantia de políticas públicas para a juventude, a Chapa Coletiva é composta pela secretária de organização da UJS Amazonas Keully Leal, o atuante de finanças estadual da UJS-AM, João Paulo Queiroz, a pesquisadora da área de sustentabilidade, Raiane Alencar, o vice-presidente estadual da União Nacional de Negros e Negras pela Igualdade do Amazonas, Marcelo Augusto Frazão, a presidente do Diretório Acadêmico da ESAT-UEA, Jady Castro e o ativista dos direitos humanos, Christopher Rocha, que concorrem a vaga à deputado estadual no Amazonas.
Para conhecer mais a Chapa Coletiva e suas propostas, acesse o @chapacoletiva65656
Bancada Delas (PSD-AM) – Outra candidatura coletiva ao pleito eleitoral na eleição deste ano para a vaga de Deputada Federal é a Bancada Delas (PSD-AM), composta por conselheiras tutelares da cidade de Manaus.
Com o princípio de lutar por políticas públicas para crianças e adolescentes, a Bancada Delas nasceu com necessidade de dar voz aos anseios das comunidades, como explica uma das integrantes da candidatura, a conselheira tutelar da zona centro-oeste, Adelyane Ossame.
“Nós quatro somos conselheiras tutelares e nos deparamos, diariamente, com a dura realidade causada pela desigualdade social e pelas vulnerabilidades a que nossas crianças e adolescentes são expostas. Então, todas nós temos a mesma causa e nos unimos pelo mesmo propósito, que é levar a pauta das crianças, dos adolescentes e das mulheres para o Congresso Nacional”, explica.
A Bancada Delas traz em suas propostas a luta por inclusão, principalmente nos centros de atendimento de crianças e adolescentes com autismo, propostas sobre a questão do tráfico de drogas, como articulação para criação de um centro de reabilitação para crianças e adolescentes, além de um olhar voltado para a educação infantil, com ampliação da ofertas para vagas em creches e cuidado com a primeira infância.
As pautas direcionadas para um público específico, o olhar para infância e adolescência é o principal pilar da Bancada Delas. Sobre o funcionamento da candidatura compartilhada, Adelyane explica que, todo o grupo terá participação nas discussões, debates políticos, propostas de projetos de lei. “Nossa gestão será compartilhada e nosso posicionamento em votações será sempre deliberado antes entre o nosso time. Isso já é assim hoje. Toda a tomada de decisão é em grupo e tem funcionado muito bem”, comentou.
A Bancada Delas é composta pela conselheira tutelar da zona sul, Kiky Anjos, a conselheira tutelar da zona rural, Marinez Paz, a conselheira tutelar da zona centro-oeste, Adelyane Lobato e a conselheira tutelar da zona leste, Rosália Bernadinho.
Para conhecer mais sobre a Bancada Delas, acesse @bancadadelasam
Bancada Amazônida (PT) – Com vontade de mudar o atual cenário político do Estado do Amazonas, a Bancada Amazônida (PT), traz sete mulheres militantes, feministas e ativistas para a disputa eleitoral.
Em um vídeo postado nas redes sociais, a integrante da Bancada Marinete Almeida diz que “A importância da bancada é a construção delas, né? do quanto ela se tornou, com sete mulheres negras e indígenas. Como ela é importante na diversidade das nossas pautas na sociedade civil. Portanto, a bancada pra mim representa, como eu estou presente nela, a fortaleza, a resistência e a persistência para as nossas lutas”.
No mesmo vídeo, a codeputada Florismar da Silva explica que a Bancada Amazônida “é a construção coletiva de um sonho junto dessas mulheres de luta, de resistência para fazer a diferença”.
A Bancada Amazônida é composta por Florismar da Silva, Luzanira Varela, Mariana Ferreira, Professora Elisiane, Francy Junior, Marinete Almeida e Francy Azevedo, que estão na disputa do pleito de 2022 para deputada estadual.
Para conhecer mais sobre a Bancada Amazônida, acesse @bancadaamazonida
Mais candidaturas – Também foi possível, durante pesquisa de dados na plataforma DivulgaCand, do TSE, perceber que existem outros candidatos que levam Bancada ou Coletivo no nome nas urnas, como: Tania Bancada da Causa Animal, Carlos Felix e Bancada Mista, Tania e Bancada das Conselheiras Tutelares, Bombeiro Cel Andrey e Bancada, Cel Navarro Bancada Segurança, Dr Felix e Bancada Ativista e Jonathan da Bancada Coletiva, que são candidatos do PL ou do partido Patriota, que mostra que o formato de disputa coletivo também está em partidos de direita no estado.
Texto e edição: Karine Pantoja.
Colaboração: Thayssa Castro.
Revisão: Edney Alexander.
Designer: Samuel Oliveira – Agência Mid.
Conteúdo exclusivo do Portal Confluente
Confluente nas eleições 2022 – Descentralizando das candidaturas mais conhecidas da cidade, o portal Confluente visa mostrar as minorias que estão disputando as eleições deste ano, além de fazer um breve mapeamento entre a população sobre o conhecimento acerca do atual cenário político.