O Partido Novo determinou a imediata suspensão da filiação de João Amoêdo. A medida foi anunciada ontem, 27/10, dias após o empresário, um dos fundadores da legenda, ter anunciado voto em Lula (PT) no segundo turno. A sigla não informou o que motivou a decisão, mas disse que ele teria cometido “possíveis violações” do estatuto do partido.
Em comunicado, o Novo anunciou que Amoêdo é alvo de um processo em sua Comissão de Ética Partidária (CEP), órgão que “tem como principal função zelar pela ética e decoro, bem como pela aplicação do estatuto e normas internas”.
Em 3 de outubro, o Novo reafirmou sua posição contra o PT e o “lulismo”, mas liberou seus filiados para votarem de acordo com a própria “consciência” e os “princípios partidários”. Em 15 de outubro, Amoêdo declarou publicamente seu voto em Lula no segundo turno das eleições presidenciais. “Os fatos, a história recente e o resultado do primeiro turno, que fortaleceram a base de apoio de Bolsonaro, me levam à conclusão de que o atual presidente apresenta um risco substancialmente maior”, disse na ocasião, em entrevista à Folha de S.Paulo.
“Chegamos a um momento em que a discussão nem é mais corrupção, mas sobre você ter o direito de ser oposição, de estar num Estado Democrático de fato. Nessa visão, Bolsonaro me preocupa muito por todas as declarações que ele faz, inclusive, sobre o Supremo Tribunal Federal. Acho que ele é uma pessoa que se mostrou não só um péssimo gestor, mas muito autocrático”, declarou Amoêdo dias depois, à GloboNews.
Críticas
O Novo criticou a declaração de voto de Amoêdo, dizendo que a decisão do ex-presidente do partido “constrange a instituição”, além de ser “lamentável e incoerente”, pois Lula “sempre apoiou ditadores e protagonizou os maiores escândalos de corrupção da história”.
“Apoiar aqueles que aparelharam órgãos de Estado, corromperam nossa democracia e saquearam os cofres públicos é fazer oposição ao povo brasileiro”, declarou a legenda.
Amoêdo foi candidato à Presidência pelo Novo em 2018 e é um dos fundadores da sigla, responsável por doar R$ 4,5 milhões dos R$ 5 milhões que custou a criação partidária.
Segundo os signatários do manifesto, o empresário teria constrangido o partido com a declaração de voto em Lula e “a população brasileira confunde a figura de João Amoêdo com a do Novo”.
Na última quinta-feira, dirigentes e membros do Novo divulgaram um manifesto assinado por ao menos 80 correligionários pedindo a desfiliação do empresário. O texto afirmava que Amoêdo renuncia a todos os princípios e valores que regem o partido, ao declarar voto em Lula.
A peça foi firmada por nomes como o governador reeleito de Minas Gerais, Romeu Zema, e o ex-presidenciável da legenda, Luiz Felipe D’Ávila, além dos deputados federais Alexis Fonteyne, Marcel Van Hatten e Vinícius Poit.
Fonte: DW Brasil
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