Teve início nesta semana o 1º Encontro presencial da Rede de Jovens Comunicadores Makira E’ta – Etapa Rio Negro, em Manaus, nos dias 30 e 31 de agosto, com a participação de jovens comunicadores indígenas que compõem a rede. O evento é parte das atividades do projeto “Fortalecimento da capacidade de povos indígenas para prevenção e resposta à covid-19”, iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), em parceria com a Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas (Makira E’ta), e financiamento do Departamento de Proteção Civil e Ajuda Humanitária da União Europeia (Echo, na sigla em inglês).
Nos dois dias de programação, os participantes, entre 16 e 23 anos, puderam compartilhar suas experiências em rodas de conversas e aprender novas técnicas nas oficinas multidisciplinares de comunicação. O intuito é fortalecer o movimento indígena e as organizações de base que os jovens representam. “O fortalecimento das redes de jovens comunicadores indígenas é uma estratégia entre nós [UNICEF] e as organizações indígenas para dar visibilidade às demandas indígenas a partir do diálogo entre pares, de jovem parente para jovem parente. É um momento de reconhecimento das habilidades e competências de adolescentes e jovens indígenas e o desenvolvimento de atitudes, práticas e comportamentos para alcançar seus direitos e seu bem-viver e das futuras gerações”, esclarece Rayanne França, oficial de Desenvolvimento e Participação de Adolescentes do UNICEF Brasil.
Ariones Soares Alves, do povo piratapuia, 16 anos, do bairro Parque das Tribos, em Manaus, comenta que é a primeira vez que integra o grupo de jovens comunicadores indígenas e se sente confiante em desenvolver o que aprendeu em sua comunidade. “Foram dois dias de muito conhecimento, identifiquei ilustrações de vários povos, estratégias de comunicação e técnica de fotografia que vamos aplicar em nossa comunidade e organizações indígenas sobre educação, saúde e proteção”, disse o adolescente que sonha em ser professor de matemática.
Tainara da Costa Cruz, do povo kambeba, 18 anos, da comunidade Três Unidos, em Iranduba, relata que na comunidade, por meio do apoio de lideranças locais, conseguirá potencializar diversos temas que fortalecem o processo de luta dos povos indígenas. “Participo de todas as oportunidades a que sou convidada. Por meio delas consigo fortalecer o processo de luta política dos povos indígenas pelo reconhecimento e exercício de seus direitos, principalmente relacionados a crianças e adolescentes”, relata Tainara que será uma das participantes da delegação do UNICEF para a 27ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 27), de 7 a 18 de novembro de 2022, no Egito.
Segundo a assessora de gestão da Makira E’ta, Jéssica Wapichana, o encontro é uma oportunidade para que os jovens, que já se reúnem virtualmente, possam se conhecer melhor e fortalecer a troca de experiências e vivências culturais. “A partir desse conhecimento, concretiza-se o fortalecimento das relações entre as organizações parceiras do projeto. A oficina no formato presencial proporciona atividades que no ambiente virtual não seriam possíveis de se realizar, como, por exemplo, a Oficina de Lambes”, afirma.
Próximos encontros
O evento é o primeiro de três encontros regionais que devem ocorrer até outubro de 2022, com o objetivo de proporcionar capacitações às jovens lideranças. O próximo será na região do Alto Solimões, no município de Benjamin Constant, no Amazonas, nos dias 19 e 20 de setembro. Outra localidade que deve receber as atividades presenciais é o estado do Maranhão, onde o evento deve ser realizado na segunda quinzena de outubro.
Sobre o projeto “Fortalecimento da capacidade de povos indígenas na Amazônia para prevenção e resposta à covid-19”
Com financiamento da União Europeia, por meio do Departamento de Proteção Civil e Ajuda Humanitária (Echo, na sigla em inglês), o projeto busca mitigar os impactos primários e secundários deixados pela pandemia da covid-19 em comunidades e territórios indígenas nos estados do Amazonas, Maranhão, Pará e Roraima. Para isso, firma parcerias entre organizações públicas e da sociedade civil para a melhoria da qualidade de vida dos povos indígenas para atingir resultados em várias frentes de ação: saúde, saneamento, água e higiene, saúde mental, nutrição, medicina tradicional e na capacitação de jovens comunicadores e multiplicadores para atuação comunitária.
Trata-se da uma iniciativa do Fundo das Nações Unidas para a infância (UNICEF) em parceria com a Agência Adventista de Desenvolvimento e de Recursos Assistenciais (Adra), o Conselho Indígena de Roraima (CIR), a Federação dos Povos Indígenas do Estado do Pará (Fepipa), o Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz Amazônia), a Rede de Mulheres Indígenas do Estado do Amazonas (Makira-E’ta), o Instituto Peabiru e o Projeto Saúde e Alegria.
Foto: Bruno Kelly
Fonte: Unicef