A desnutrição é uma doença relacionada à falta de nutrientes no organismo. Conforme dados do Observa Infância, da Fiocruz, oito crianças de até um ano de idade foram levadas todos os dias ao hospital em 2021 por falta de comida. “Medidas de saúde pública são extremamente importantes para controlar o problema da desnutrição no Brasil e no mundo“, analisa o médico Artur Delgado, chefe da Unidade Intensiva do Instituto da Criança e do Adolescente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Consequências
“Aparece um ciclo vicioso: desnutrição e infecção, uma coisa levando a outra, desnutrição predispõe à infecção e a infecção predispõe à maior desnutrição”, comenta Delgado.
Hipoglicemia, hipotermia e o distúrbio eletrolítico são algumas das consequências da desnutrição, que mantêm a criança internada e dificultam o desenvolvimento. O especialista ainda detalha a deficiência causada pela desnutrição: “Um quadro de desnutrição, principalmente uma subnutrição, é uma espoliação calórico-proteica, tanto dos macronutrientes como dos micronutrientes. Essa criança tem uma espoliação em todos os nutrientes necessários para o bom funcionamento corpóreo, a qual facilita a entrada de infecções, principalmente as respiratórias e as gastrointestinais, que acabam deteriorando ainda mais a condição nutricional dessas crianças”.
Combate
A pobreza é um fator crucial na perseverança dessa doença, sobretudo dentre as parcelas mais periféricas da população. O estudo aponta que, duas a cada três internações, são de bebês negros, pretos e pardos, e a pior taxa foi registrada no Nordeste.
“Mesmo [as mães] mais desnutridas conseguem produzir um leite com uma composição absolutamente adequada para o crescimento e desenvolvimento da criança”, pontua Delgado. Assim, o estímulo ao aleitamento materno é fundamental para o desenvolvimento do bebê. Além disso, após seis meses de vida, a criança precisa receber uma comida complementar à amamentação, o que implica mais uma dificuldade para combater a desnutrição.
“Investimento em atendimento básico é essencial para que tenhamos uma prevenção desses quadros, ou seja, precisamos chegar a essas famílias que não são atendidas. Coisas que estimulam o aleitamento materno, a explicação de como amamentar, a explicação sobre a vacinação e a saúde pública. O SUS está tendo um papel relevante, mas as medidas preventivas são mais baratas e muitas vezes mais eficazes. É melhor não ficar doente: a vacinação, o aleitamento materno e o atendimento básico de saúde são muito importantes e mais baratos”, analisa Delgado.
Fonte: Jornal da USP