As eleições de 2018 registraram 28.972 candidatos, seja para presidência, governo estadual, senador, deputado federal e deputado estadual. Naquele ano, o número de candidatos brancos era de 15.192, montante que representava 52,4% dos candidatos. Indígenas inscritos na disputa foram 133, ou seja, 0,5% de todos os candidatos, e os amarelos, 168, com 0,6%.
As candidaturas de pessoas pretas e pardas representavam 46,6% do total. Foram 10.330 candidatos pardos e 3.148 postulantes a um cargo público autodeclarados pretos. O cenário se alterou para 2022.
De acordo com dados obtidos pelo Data_Labe, via portal do TSE, houve um crescimento de 25% no número de candidaturas de pessoas pretas. Para 2022, foram 3.936 pessoas autodeclaradas desta forma, contra 13.814 pessoas autodeclaradas brancas, o que representa 48,9% do total.
Pela primeira vez na história brasileira, pretos e pardos somados superam a quantidade de candidatos brancos. Os dados sinalizam que os dois grupos de cor, que formam o grupo racial negro, compõem 49,5% dos postulantes a uma cadeira, ou no poder executivo ou legislativo.
Em números absolutos, houve uma ligeira queda de candidaturas pardas, que chegaram a 10.079 pessoas. Nas eleições deste ano há também 151 candidatos com os dados raciais não informados e 7 pessoas com o dado “não divulgável”.
Apesar do crescimento, a disputa deste ano tem sido marcada pela divulgação de candidatos que alteraram a autodeclaração racial de 2018 para 2022, a maioria com alterações de branco para pardo. Algumas figuras têm chamado atenção com a autodeclaração como parda, caso do ex-prefeito de Salvador e candidato ao governo da Bahia, ACM Neto (União-BA).
Após decisão do TSE em 2020, com pedido da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ), o pleito de 2022 terá uma divisão proporcional do fundo eleitoral e do tempo de TV e rádio para candidaturas negras, ou seja, autodeclaradas pretas e pardas. Se os negros forem 50% dos candidatos de um partido, devem receber ao menos 50% do valor do fundo eleitoral.
O voto em candidatos negros para deputado será contado em dobro para as futuras divisões do fundo eleitoral e o tempo de TV e rádio. Essa é uma quantia que também interessa aos partidos.
A Coalizão Negra por Direitos preparou para este ano a plataforma Quilombo nos Parlamentos, para incentivar o voto em candidaturas alinhadas com a organização e as bandeiras históricas do movimento negro. O evento de lançamento da campanha em São Paulo reuniu mais de 100 candidatos de todo o país, no dia 6 de junho, na Ocupação 9 de Julho.
Texto: Pedro Borges
Edição: Elias Santana Malê
Imagem: Nelson Júnior/TSE