Autores amazonenses lançam coletânea de contos que retratam a vivência de pessoas pretas na Amazônia
O livro físico e o e-book "Rio Negro de Pessoas Pretas" unem vozes negras em narrativas que ecoam o cotidiano e o afrofuturismo
Os escritores Carla Medeiros, Francisco Ricardo e Raescla Ribeiro lançam nesta segunda-feira (26), às 18h30, na Biblioteca Genesino Braga, no Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam) – localizado no bairro Novo Aleixo, zona leste de Manaus –, o livro e o audiolivro “Rio Negro de Pessoas Pretas”. A obra coletiva reúne memórias, ficção e crítica social, mergulhando nas identidades negras amazônidas com temas como racismo, ancestralidade e a relação afetiva com o território.
O evento começa com uma fala coletiva dos autores sobre o processo de escrita como autores negros em Manaus. Em seguida, cada um fará a leitura de trechos marcantes da obra, que aborda racismo, ancestralidade e vivências na periferia. O público poderá participar de uma roda de conversa, com espaço para perguntas e trocas sobre representatividade na literatura.
Durante o lançamento, haverá a doação de livros de autores negros nacionais e internacionais para o acervo da Biblioteca do Cetam.
Livro será lançado na próxima segunda-feira (26). Foto: divulgação
Colaborações
Além dos autores, o projeto contou com a colaboração da multiartista Skarlati Kemblin (@dacordobarro), responsável pelas ilustrações da obra. A identidade visual traz elementos de colagem em preto, cinza e amarelo, refletindo a proposta literária: uma tessitura de narrativas plurais, onde o cotidiano periférico e a floresta se entrelaçam. A artista Wendy Ohara, negra, travesti e da periferia de Manaus, compôs uma música que integra a introdução do livro.
De acordo com a artista Skarlati Kemblin, nessa obra se vê histórias de vida que perpassam por várias camadas da sociedade, e todas elas têm algo em comum, o ato de resignificar.
“O livro é uma reunião de memórias vivas da cidade de Manaus, e como alguém que vive de muitas maneiras as cenas da cidade, foi muito especial receber o convite para dar imagem e textura às narrativas do livro. É um compromisso que a gente tem enquanto artistas da nossa cidade, refletir não apenas sobre nossas tensões, mas como resistimos para além delas”, destaca.
Skarlati Kemblin é a responsável pelas ilustrações da obra. Foto: divulgação.
A artista ressalta ainda a importância da obra para a sua vivência enquanto artista.
“Com certeza este livro vem com o sentido de valorizar nossas produções, nossas histórias e explodir ficções a partir da realidade. Então foi como caminhar entre o real e o imaginário. Sou muito grata pelo convite de poder participar dessa realização ao lado de pessoas ativas e vivas, que compõem a nossa cena. Abre caminho para que a gente veja parte desse rio, e reflita sobre nossas memórias negras na e da cidade”, finalizou Skarlati Kemblim.
Sobre os autores
O escritor e artista visual, Francisco Ricardo conta como aconteceu todo o processo de criação da obra, até o seu lançamento.
“Desde o início, devido a experiências em outros livros que colaborei, busquei envolver mulheres negras e LGBTQIA+, começando pela Carla Medeiros e posteriormente a Raescla Ribeiro, que junto a mim se juntaram e enriqueceram o livro com as suas perspectivas, que, são completamente diferentes entre nós autores, e essa foi uma melhores surpresas, a construção coletiva dentro de um processo demorado, pois nos inscrevemos em vários editais para sermos contemplados”, disse.
Francisco Ricardo é um dos autores do livro. Foto: divulgação.
Carla Medeiros, professora e mãe, resgata a infância na periferia. A autora relata que a sua escrita tem como maior referência dentro da literatura de autoria feminina negra, a escritora Conceição Evaristo, que tem um conceito muito famoso, que é o de escrevivência.
“E eu acho que a minha escrita se encaixa bastante dentro desse conceito de escrevivência. Porque os meus textos estão muito permeados pelo que eu vivo, do que eu vi, não só eu, como também as pessoas ao meu redor. Eu moro desde que eu nasci no Zumbi dos Palmares, na zona Leste, então a minha escrita reflete isso, a vivência de uma mulher preta, que me permitiu descobrir dentro desse microcosmo, que é a rua da minha casa, o bairro onde eu moro, escrever não como um homem branco eu europeu, mas como a minha própria realidade, minhas próprias experiências”, disse Carla.
Carla escreve sobre a infância na periferia. Foto: divulgação.
A escritora explica ainda que dentro da coletânea, sente muito orgulho do que produziu.
“Eu tenho orgulho do que eu escrevi, acho que é verdadeiro, é original e vem de um lugar de reconhecimento, de pertencimento, não é uma vangloriação, nem egocentrismo, mas é de um lugar realmente de encontrado a sua voz e o seu espaço dentro da literatura. Então, eu posso afirmar que tem espaço para mim na literatura, e no livro, os meus contos refletem isso”, pontua Carla.
Raescla Ribeiro, doutoranda em Educação traz contos que denunciam o racismo estrutural, além de sua escrita carregar uma mescla de vivências pessoais com elementos ficcionais.
“Preservo pouco dos acontecimentos originais, mas eles são importantes para iniciar qualquer um dos meus textos. Percebo também, que recorrentemente meus textos são escritos a partir de capturas de imagens que tenho em minha memória. Isso é muito frequente no meu processo de escrita, no meu livro infantil “Mamãe Noel de Nina” a memória da travessia pelo encontro das águas foi uma das imagens que alavancou a redação do texto. Nos contos que escrevi para esse livro, ocorreu o mesmo.”
Raescla traz contos que denunciam o racismo estrutural. Foto: divulgação.
A autora relata ainda que as experiências ao longo de sua vida como ser recorrentemente confundida com funcionárias de lojas em shoppings da cidade, ver um vendedor trancar um produto logo após ter tocado e as companhias insistentes de alguns seguranças foram imagens e memórias que impulsionaram a escrita do texto “Amanhecer entre tempos”.
“O segundo conto presente no livro relaciona-se com sensações tanto minhas enquanto docente quanto com vivências da minha mãe. Mas pouco há de nós nas personagens. É como comentei logo no início, as imagens que tenho são pontos de partida, mas não são transferências diretas para os textos. Meu último conto refere-se a imagens que captei durante um passeio que fiz com a minha esposa quando ainda estávamos namorando. E as araras são uma referência, as araras que sobrevoaram surpreendentemente nosso casamento durante a cerimônia”, destacou Raescla.
A escritora, que tem como referências e inspirações Octavia Butler, Machado de Assis e Dostoiévski, enfatiza que: “Tento escrever com todos os sentidos, para provocar uma experiência mais próxima às pessoas leitoras. Mas acredito que a visão ainda se sobressai na minha escrita, a partir da captura dessas fotografias do cotidiano”, finaliza.
Apoio
O projeto foi contemplado pelo Conselho de Cultura do Estado do Amazonas (Edital Nº 04/2023 – CONEC) e pelo Conselho Municipal de Cultura (Edital Nº 005/2023 – Prêmio Manaus Identidade Cultural).
Serviço
Data: 26/05 (segunda), 18h30 Local: Biblioteca Genesino Braga (Cetam) – Av. Autaz Mirim, 9018, Novo Aleixo
Entrada gratuita (sessão de autógrafos e bate-papo) Vendas: Exemplares físicos no evento e online com os autores
No estado amazonense, as equipes de vacinação vão percorrer comunidades indígenas com as localizadas no Distrito de Saúde Especial Indígena (DSEI) Alto Rio Negro
O Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), por meio da Escola de Contas Públicas (ECP), abriu inscrições para mais uma edição do Programa de Formação de Agentes de Controle Social (Profac). Criado em 2015, o curso celebra 10 anos formando cidadãos para acompanhar e fiscalizar os gastos públicos, fortalecendo a participação social e a transparência. “Mais do que um curso, o Profac do Tribunal de
No estado amazonense, as equipes de vacinação vão percorrer comunidades indígenas com as localizadas no Distrito de Saúde Especial Indígena (DSEI) Alto Rio Negro
O Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), por meio da Escola de Contas Públicas (ECP), abriu inscrições para mais uma edição do Programa de Formação de Agentes de Controle Social (Profac). Criado em 2015, o curso celebra 10 anos formando cidadãos para acompanhar e fiscalizar os gastos públicos, fortalecendo a participação social e a transparência. “Mais do que um curso, o Profac do Tribunal de
Evento acontecerá no dia 26/07 e prevê a elaboração de propostas e pautas prioritárias que serão levadas à etapa nacional da conferência
O Portal Confluente utiliza cookies e outras tecnologias para melhorar sua experiência de navegação. Ao continuar navegando, entendemos que você está ciente e de acordo. Indique se estiver em desacordo com nossa Política de Privacidade.
This website uses cookies to improve your experience while you navigate through the website. Out of these, the cookies that are categorized as necessary are stored on your browser as they are essential for the working of basic functionalities of the website. We also use third-party cookies that help us analyze and understand how you use this website. These cookies will be stored in your browser only with your consent. You also have the option to opt-out of these cookies. But opting out of some of these cookies may affect your browsing experience.
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. These cookies ensure basic functionalities and security features of the website, anonymously.
Cookie
Duração
Descrição
cookielawinfo-checkbox-analytics
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Analytics".
cookielawinfo-checkbox-functional
11 months
The cookie is set by GDPR cookie consent to record the user consent for the cookies in the category "Functional".
cookielawinfo-checkbox-necessary
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookies is used to store the user consent for the cookies in the category "Necessary".
cookielawinfo-checkbox-others
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Other.
cookielawinfo-checkbox-performance
11 months
This cookie is set by GDPR Cookie Consent plugin. The cookie is used to store the user consent for the cookies in the category "Performance".
viewed_cookie_policy
11 months
The cookie is set by the GDPR Cookie Consent plugin and is used to store whether or not user has consented to the use of cookies. It does not store any personal data.
Functional cookies help to perform certain functionalities like sharing the content of the website on social media platforms, collect feedbacks, and other third-party features.
Performance cookies are used to understand and analyze the key performance indexes of the website which helps in delivering a better user experience for the visitors.
Analytical cookies are used to understand how visitors interact with the website. These cookies help provide information on metrics the number of visitors, bounce rate, traffic source, etc.
Advertisement cookies are used to provide visitors with relevant ads and marketing campaigns. These cookies track visitors across websites and collect information to provide customized ads.